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Protesto pacífico é impedido em frente à SAP; manifestantes migram para Praia de Iracema




Na manhã desta quarta-feira (15/07) familiares de presos reuniram-se, em Fortaleza (CE), em protesto contra a política de abusos comandada pela Secretaria de Administração Penal do Ceará (SAP). Os manifestantes reclamam da falta de informações fornecidas pelo Governo do Estado, situação que teria sido agravada desde início da pandemia de Covid-19, entre outras demandas.


O grupo reuniu-se para protestar pacificamente em frente à sede da SAP, na capital do Estado, mas forças de segurança impediram a concentração em frente ao órgão público. O grupo marchou então para a orla da Praia de Iracema, a poucos quarteirões da SAP, onde encenou “procedimentos” violentos que seriam perpetrados dentro dos presídios cearenses.



Esta é a segunda manifestação de familiares contra a falta de informações por parte da SAP. A primeira ocorreu em 16 de junho e conseguiu realizar-se em frente à sede do órgão.


Leia também:


Veja alguns depoimentos de familiares de presos

(os nomes foram suprimidos a pedido dos manifestantes)


“A SAP Ceará colocou as forças de segurança para reprimir a manifestação hoje e impedir a concentração na frente da Secretaria. Estamos na praia agora, mais uma vez somos marginalizadas. Absurdo! Onde está a democracia e o direito do cidadão? É uma falta de respeito sem medida ao nosso direito de expressão.”


“É um sentimento de incapacidade, não poder exigir [informações], cobrar [por isso a manifestação de hoje]. Ninguém tem resposta de nada e as instâncias que a gente procura também são silenciadas, assim como nós somos. Até ir a uma manifestação é difícil, a gente arrisca nossa vida, nossa liberdade.”


“Durante essa pandemia ele [preso recentemente libertado] me relatou que os kits de higiene fantasmas não estavam sendo entregues. O que eles receberam foi uma barra de sabão para mais de 27 detentos que tinham na cela, uma pasta, uma q-boa [água sanitária]. Tudo muito pouco pra uma cela, né, que tem vários detentos. Foi doloroso receber o meu marido [voz embargada] com o short todo rasgado, imundo de sujo, de pés descalço, com ferimentos pelo corpo [ao deixar o presídio]. Mas Covid-19, essas coisas [doenças], ele me disse que lá não tá tendo. Disse que todos se vacinaram, que tão tomando banho de sol, alimentação tá sendo normal.”


“Quando o senhor pergunta quais são os sentimentos mais profundos [com a pandemia], é o de angústia né? Porque estando visitando, podendo entrar dentro de um presídio, a gente vivencia, presencia... [mas atualmente sem visitas] Tem familiares que estão adoecendo, eu mesmo estou passando por uma crise de ansiedade por conta da falta de notícia, de transparência dessa gestão... A gente escuta que o agente está doente, mas como está a população carcerária?”


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